domingo, outubro 21, 2007

Anistia no Rio Grande do Norte

A Lei da Anistia
Nilmário Miranda
Especial para o RADAR POTIGUAR
Parte II
Importa muito a verdade histórica. E a melhor maneira de celebrar a vitória desses brasileiros é rememorá-los, difundir seus ideais e divulgar a história de suas vidas. Todos aqueles que lutaram ao longo dos tempos por causas justas hão de ser carinhosamente celebrados por nosso povo. É o que permanecerá, o que de fato se leva da vida: a honradez, a dignidade, os sentimentos superiores.
Quanto aos potiguares que participaram ativamente dos movimentos sócio-políticos na época da ditadura militar, lembro que o Rio Grande do Norte é uma terra com muita tradição de luta. Não foi por acaso que aqui, em 1935, na Insurreição Comunista, chegou-se a constituir, por alguns dias, um governo popular. Depois da redemocratização, em 1945, o estado teve grande participação na militância social, popular e democrática. Quando aconteceu o golpe militar em 1964, havia em Natal um governo democrático e popular. O prefeito Djalma Maranhão foi forçado a abandonar o estado do Rio Grande do Norte para continuar lutando por seus ideais. Assim foram tantos outros. Quando não podiam lutar aqui, lutavam em outro lugar.
O Rio Grande do Norte é hoje um estado vanguardista na luta pelos direitos humanos e culturais do nosso povo. Em todos os cantos do estado encontra-se uma motivada militância dos filhos desta terra. E essa boa tradição vai se perpetuando de geração em geração.
Nesse sentido, este livro exerce um papel nessa tradição. Na necessidade de rememorar lutadores, preservar-lhes a memória e difundir seus ideais. No fato de se possibilitar às novas gerações conhecer um pouco do que a história oficial tentou esconder. Saber que perto delas, em suas cidades, em seu estado, muitas histórias de generosidade e heroísmo ainda faltam ser contadas. Este livro conta algumas delas, regata a história de alguns militantes que viveram, resistiram e testemunharam na luta por um Brasil melhor. Um Brasil que para ser melhor precisa ter a marca da anistia. (Nilmário Miranda, 54, foi preso político durante três anos e um mês, libertado em 1975. Ex-deputado estadual em Minas Gerais (1986-1980) e deputado federal duas vezes pelo PT. Ex-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara; candidato derrotado ao governo de Minas nas últimas eleições.)

Nenhum comentário: