terça-feira, janeiro 09, 2007

Se liga no papo, maluco, é o terror!

Corrupção, plenipotência e Ministério Público
“Não devemos esquecer a lição do incomparável Rui Barbosa, posta no sentido de que certas imputações, por ridículas e ignóbeis, sequer merecem ser debatidas. Deveriam, segundo ele, serem expostas em um simbólico pelourinho moral, tão somente, para receber o castigo da reprovação pública. Aliás, bem antes, Sêneca já havia advertido que o melhor remédio para as afrontas ardilosas ou pervertidas é o desprezo.
“O Ministério Público precisa preocupar-se com o seu futuro. Com nosso país, esquartejado pelas investidas indecorosas de lobos famintos que disputam, segundo lamento de Clóvis Bevilacqua, “... as migalhas de um poder degenerado (...), abatido pela exaltação da mediocridade bem-sucedida de charlatões e pusilânimes da coisa pública”. O que não pode nem deve acontecer é o desânimo diante das ofensas à instituição ou a seus membros, sobretudo quando postas a serviço da corrupção ou quando buscam alargar o horizonte da impunidade e da desesperança.
“Essa, por atual, deve ser a nossa preocupação cívica e institucional. O Ministério Público não precisa ser “formidável paladino” como ironicamente sugerido há poucos dias. Também não tem do que se defender. Sua atuação, seu trabalho, sua integridade, independência e vocação democrática afloram de suas ações cotidianas. Estão estampadas nas revistas de jurisprudência, nos livros de doutrina e nas reveladoras obras que tratam do fenômeno da corrupção no Brasil. A última delas, sugestivamente intitulada “Um Brasil Canalha”, bem pontifica a posição do Ministério Público em relação às quarenta e cinco mil canalhices ali apontadas. Do escândalo da mandioca aos sanguessugas, o Ministério Público sempre esteve em lado oposto ao dos corruptos. Deles, conseqüentemente, não espera elogios.”
Edilson França
Procurador Regional da República
(Coluna Hoje na Economia, Marcos Aurélio de Sá, Jornal de Hoje, Terça-feira, 9 de janeiro de 2007.)

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