terça-feira, janeiro 30, 2007

Manda Bala leva prêmio em Sundance

Entrevista no YouTube
Em entrevista disponível no site YouTube, o diretor afirma que produziu Manda Bala! com foco principal em um escândalo político e conta histórias de corrupção. Não por acaso, Kohn ensina o beabá da lavagem de dinheiro no Brasil. E o exemplo dado é o caso do ranário (the frog farm) de Jader Barbalho, que foi acusado de desviar US$ 9 milhões da Sudam (Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia), operando um orçamento de R$ 300 mil. "O "crime organizado chegou ao centro do poder" no Brasil. Jader fez o que queria na Sudam. Aprovava o que queria pelo valor que queria", declara o diretor. Em uma outra cena, surge um entrevistado brasileiro, não identificado, que fala em português e diz: "Sempre recebendo propina, sempre recebendo suborno".
"De fato. É um filme chocante. Grotesco. E não só pelo lado político, que é sórdido. Mas também pelas cenas de seqüestro. Mas é real. Kohn conseguiu vídeos caseiros feitos pelos seqüestradores. Há cenas de criança implorando para não ter a orelha decepada", conta Fellipe Gamarano Barbosa, jovem diretor brasileiro, que concorria no festival com seu curta Beijo de Sal.
"É totalmente estúpido decidir fazer um filme como esse, porque é difícil de realizar, difícil de vender", disse Kohn em entrevista ao site do Sundance Festival. "Quando negociamos com pessoas de uma sociedade tão injusta, que se beneficiam do desequilíbrio, é muito difícil contar a história, ninguém quer falar sobre isso. Eu pessoalmente gostaria de ter capacidade de continuar a fazer isso", diz o diretor.
"O Konh conversa com pessoas da fazenda de rãs e chega a entrevistar o Barbalho que, no momento em que é questionado sobre o ranário, levanta-se e vai embora dizendo que ‘eles teriam de conversar horas sobre aquele assunto’. É impressionante. E é baseado na impunidade que o Kohn fundamenta seu filme. No fato de que, tanto na corrupção quanto na indústria da violência, os crimes continuam sendo cometidos porque ninguém é punido no Brasil. O Barbalho foi preso e reeleito", completa Fellipe, que, assim como Kohn, mora e estudou cinema em Nova York. Outro entrevistado, também brasileiro, fala em inglês da violência nos grandes centros urbanos brasileiros. Diz que já teve um sócio e pessoas próximas seqüestradas na cidade de São Paulo. "Uma pessoa é seqüestrada todo dia em São Paulo. A situação está totalmente fora de controle".

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