quarta-feira, setembro 07, 2011

A riqueza do mar e a redenção de Macau



FM – Quantos cursos de Recursos Pesqueiros existem em nosso Estado?
EA – O RN começou com a criação do Núcleo de Pesquisa Aplicada à Pesca. Está contida nessa política que leva o número 0022006, mas nós começando em 2007 quando realizamos um seminário nacional em João Pessoa e em Cabedelo na Paraíba, no qual levei os Institutos, que já mexiam com pesca e outros estavam entrando, mais as lideranças pesqueiras de todo o Brasil. Professor Lizando Fernandes está comigo desde a primeira hora, ele participou das discussões que deu o pontapé inicial pra todo esse movimento, em maio de 2007. Lá tomamos duas decisões, uma que é aumentar o número de cursos técnicos na Rede Federal e a criação dos Núcleos de Pesquisa Aplicada Pesca e Aquicultura, cuja sigla é NUPAS, que se dividem por região. Por exemplo, no Nordeste existe o NUPA 1, 2, 3. Tudo isso começou com a criação do NUPA/RN, em Natal e com a criação do Campus Macau, foi a chance de se começar a desenvolver uma política pra pesca aqui no RN. A importância desses cursos é que o Brasil não tinha técnico, importávamos técnicos para as áreas de pesca, camarão de países como Peru, Chile e Equador. Mas aí, a vocação de nossos Institutos, através de seus Campi, começou a florar, perceber a necessidade. Como era que iríamos aumentar o número de cursos técnicos no nosso país, nas nossas instituições se não tínhamos professores? Então, veio a calhar que nós estávamos na primeira fase do processo de expansão da Rede Federal. Então, negociei com todos os diretores e reitores e diretores gerais, vagas para concursos e vestibulares, já que eles estavam recebendo para implantar nos campi. Daí fomos fazendo os concursos públicos para os campi na área de pesca, aquicultura, portos e navegação. Com isso abriu-se o mercado de trabalho pra essa gente em todo o país. Hoje nós temos mais de trezentos professores concursados efetivos nos nossos Institutos com mestrado, doutorado, etc.
FM – Considerando que a região salineira ainda possui extensas áreas próprias para o cultivo de peixes e camarão e que existem centenas de trabalhadores na área de pesca, como você vê a possibilidade da criação de fazendas de produção do pescado, gerida por cooperativas de trabalhadores ou mesmo a criação de pequenas produções individuais (uma espécie de reforma agrária litorânea)?
EA – A criação de fazendas para a produção de pescado está vinculada, não só a um desenvolvimento econômico, mas também de sustentabilidade do meio ambiente. Nós não podemos degradar o meio ambiente com a implantação de fazendas. Não sou contra, mas nós temos que respeitar as leis de preservação do ambiente e para isso precisa-se de formação, capacitação e os nossos Institutos, o campus Macau está preparado, através de seus núcleos de pesquisa, com cursos para pescadores e pescadoras. Aqui nós já temos um projeto, que está servindo de protótipo para todo o país e quiçá para o mundo, refiro-me ao Pescando a Cidadania, que nasceu aqui. Foi feito pelos professores servidores do campus Macau e isso está impactando em todo o país ao ponto de, no ano que vem já termos colocado recursos no orçamento na ordem de quinhentos mil reais (R$ 500.000,00) para formarmos formadores, o curso de multiplicadores para todos os institutos do país e além de outros que quiserem fazer esse curso de multiplicadores para formar professores para o curso de alfabetização, Pescando a Cidadania. Isso será desenvolvido pelo campus Macau, que está previsto para abril de 2012. Virá gente de todo o país. Gostaria que esse curso fosse feito aqui mesmo em Macau, mas por problemas de infraestrutura, teremos que fazer em Natal.
Foto: aqui

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