sexta-feira, junho 12, 2009

O Bufão de Natal, 4

Jornal de Hoje
Sexta-feira, 12 de junho de 2009
Caderno Diversão & Arte
"O Bufão de Natal" 18:00 - História,
Crédito: Arquivo
Daniela Pacheco - Editora de Cultura
O folclorista Deífilo Gurgel, no prefácio do livro, adverte: "Neste ensaio sobre a vida de um dos mais famosos boêmios potiguares, Paulo Augusto estuda a sociedade natalense / brasileira dos meados do século passado, mais precisamente da Segunda Grande Guerra Mundial, época em que viveu José Areia, que fez história na capital norte-rio-grandense, não apenas pela vida de boêmio, que boêmios foram muitos dos seus contemporâneos, mas, principalmente, pelo arsenal de respostas ferinas, sempre prontas e engatilhadas para disparar, contra desafetos ou simples cidadãos anônimos, o que era um privilégio seu. Paulo Augusto buscou centralizar seu estudo num período determinado de tempo de nossa Capital, e aprofundou este estudo nas desigualdades sociais que determinam inevitáveis lutas surdas ou declaradas entre as classes sociais dos ricos e dos miseráveis, pelo mundo afora."
O jornalista Paulo Augusto lança amanha, dia13, às 10h, no Sebo Vermelho (Avenida Rio Branco, 705, Centro), o livro "O Bufão de Natal" que tem como tema central o barbeiro José Antônio Areias Filho (1900-1972), que trabalhava em Parnamirim e se imortalizou simplesmente como Zé Areia, “um Zé Ninguém típico, na expressão reichiana, do Nordeste brasileiro, concentrando-se na emergência e alienação do operariado e das populações marginalizadas do Brasil”, diz o autor.
“Zé Areia vendeu um papagaio completamente cego a um soldado americano. No dia seguinte, foi procurado pelo cônsul americano, juntamente com o soldado – a vítima. O cônsul declarou que o papagaio que ele vendeu era cego! Um absurdo! Não prestava. Zé Areia tece esta saída genial: - Espere: o senhor quer o papagaio pra falar ou pra levar pro cinema?” este trecho do livro mostra um pouco do barbeiro que caiu nas graças dos americanos. Paulo Augusto passou cerca de dois anos e meio realizando pesquisas e entrevistas para produzir esta obra.
Segundo o autor, “Ele era uma figura encantadora, excepcional, um simples barbeiro anafalbeto, que se destacava dos demais pelas respostas maliciosas que sempre tinha pronta na ponta da língua, ele não deixava passar nada. É, um tipo ‘Macunaíma’, um malandro brasileiro tipicamente potiguar”.
Na apresentação do jornalista, poeta e escritor Carlos de Souza escreveu, ele diz o seguinte: “Zé Areia, o personagem mítico das ruas do centro de uma Natal nem tão antiga, desfila por essas páginas de admiração e algum rancor. Paulo Augusto não poupa críticas às eternas mazelas desta província vaidossa. Seu alvo é sempre o poder prepotente das elites locais. Sua paixão é desvendar os segredos desta bela e besta cidade. O Bufão de Natal é um ensaio e, por incrível que pareça, traz um texto que jamais cansa o leitor. É uma enxurrada de informações sobre nossa cultura e sociedade, aliada a uma incrível forma de narrativa. Algum leitor descuidado pode até pensar que vai estar lendo uma prosa de ficção. Mas não se engane, aqui está a mão firma de um dos grandes jornalistas desta cidade”.
Como não poderia deixar de ser. Zé Areia morreu na miséria! “A minha revolta com a pouca importância que se dá a história da influência da 2° Guerra em Natal. A capital potiguar só é o que é hoje por conta desse período que Parnamirim era uma base aérea americana. Para se ter uma idéia, Natal era menor que João Pessoa. Sem contar, o valor mundial que se teve porque era a única base americana fora dos Estados Unidos. E, por fala nisso, aonde está os filhos da guerra?”, declara Paulo Augusto.
Sobre o autor
Paulo Augusto é autor do livro "Falo" (poesia), Rio de Janeiro, Edição do Autor, 1976, e Edições Sebo Vermelho (Natal/RN, 2003), "Estilhaços de Um País-Geni", UFRN/CCHLA/Gráfica Santa Maria, 1995 (Seleta de crônicas, artigos e ensaios publicados na coluna "Balão de Ensaio" nos anos 1991-94, no Caderno de Encartes do Jornal de Natal). Textos seus integram: "Antologia de Contos Marginais Queda de Braço", da década de 70 organizada pelo escritor Glauco Mattoso (São Paulo); "Um Dia, a Poesia", Ayres Marques (Org.). Natal: Produção Artística e Cultural Babilônia (1996); "Antologia Literária I", da Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do RN, 1999; "Antologia Literária II", da Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do RN, 2000.

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