quinta-feira, janeiro 17, 2008

Oportunidades e riscos da metropolização

Sobre o desenvolvimento do trabalho no Grupo Técnico, George Câmara (Foto) explica:
"Nós partimos de uma constatação: no Brasil, todas as 27 Regiões Metropolitanas têm suas particularidades, mas também têm questões muito similares, num certo sentido. São produtos de um mesmo problema: do inchaço das cidades. Esse é um fenômeno que acontece em várias partes do mundo, mas que no Brasil está vinculado também à negação de um projeto de desenvolvimento nacional. Se observamos o país, que tem o potencial que nós temos no campo, constatamos que só uma elite muito irresponsável, muito sem compromisso, sem ter um projeto nacional de potencializar o país com suas grandes potencialidades, de se trabalhar essas potencialidades, somente uma elite que tornou incapaz de se realizar um projeto desses, é que provoca o êxodo rural brutal que estamos sofrendo. Em menos de 50 anos, nós invertemos o perfil urbano-rural brasileiro. As cidades tinham 30% das pessoas, e 70% eram no campo. Hoje, é 85% das pessoas morando nas cidades, e apenas 15% morando no campo. Evidentemente, nos últimos anos, esse fluxo diminuiu sua intensidade, mas continua acontecendo. E é preciso fixar o ser humano no campo, sobretudo num país como o nosso, onde é agradabilíssimo morar no campo. Mas, não é só ter uma Reforma Agrária, com distribuição de terras: é ter hospitais, é ter universidades, é ter condições de você se sentir atraído a ficar no campo, e ter uma vida digna. E o que é absolutamente possível."
Os projetos imobiliários financiados pelo capital estrangeiro, descomunais em seus contornos, deverão ter um impacto significativo na região, prevê George. "Não devemos ter dúvida de que a situação irá se agravando. Nós, inclusive, realizamos um seminário, em maio de 2007, para tratar justamente do impacto dos grandes projetos para a Região Metropolitana de Natal e a população. E a gente colocava o seguinte: que projetos são esses? A Ponte Forte-Redinha, o impacto do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante são dois equipamentos públicos que vão dar um redesenho no eixo norte dessa nossa RM. Com impacto na região toda. Porque o aeroporto é a porta de entrada mais rápida da Europa e da África para a América Latina. É um aeroporto que visa ser o oitavo maior do mundo. Terá um impacto gigantesco. Inclusive, impactos positivos e negativos. Como vai ser tratada a população local? Vai ser expulsa pela especulação imobiliária? Esse seminário visou trazer elementos para que pudéssemos fazer esse enfrentamento, maximizar aqueles pontos que são potenciais, como capacitação de mão-de-obra, geração de empregos. Tanto minimizar os impactos e, se possível, eliminá-los." (Foto: Paulo Augusto)

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