quinta-feira, janeiro 17, 2008

Metropolização da pobreza

PLANO ESTRATÉGICO
Natal vive a ‘metropolização da pobreza’
Paulo Augusto Silva
CASANOVA - Jornal dos Imóveis
O coordenador da Região Metropolitana de Natal (RMN), George Câmara, ao comentar sobre os principais problemas verificados no desenvolvimento da área no entorno da capital, reporta-se a um fenômeno chamado "metropolização da pobreza", já que a proporção de pobres nas áreas metropolitanas. segundo o Relatório sobre o Desenvolvimento Humano no Brasil, passou de 26 para 29% entre 1981 e 1990, com indícios de que esse crescimento poderia ter sido maior não fosse o fraco desempenho da economia nesse período. De qualquer forma, no início desta década, as metrópoles já respondiam por 29% da população total e por 29% da pobreza. Pode-se supor que, havendo retomada do crescimento econômico, as metrópoles tenderão a concentrar parcelas crescentes da população pobre.
A título de elucidação, ainda se pode destacar, com base nos dados do Relatório sobre o Desenvolvimento Humano no Brasil de 1996, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que embora representem 22% da população metropolitana de São Paulo, os 3,3 milhões de pobres que ali se concentram representam uma porcentagem bem inferior à dos pobres das metrópoles nordestinas, que são em média 43% do total. Isso tem muitas implicações no quadro sócio-econômico. E faz lembrar que as condições de acesso a serviços como saneamento, saúde, educação e outros são muito mais favoráveis na metrópole paulista que nas nordestinas.
"A pobreza rural nordestina, confirmou o relatório, é essencialmente a pobreza típica das sociedades tradicionais à margem do crescimento urbano-industrial. No Nordeste, o tamanho médio das famílias pobres é maior e as crianças são mais numerosas que nas metrópoles do Rio e São Paulo. A chefia feminina é reduzida (15%), a ocupação na agropecuária dominante (82%) e revela o modelo típico das sociedades agrícolas tradicionais, praticamente sem desemprego. A maioria (68%) dos chefes de família é analfabeta e 90% têm escolaridade abaixo de 4 anos. O trabalho por conta própria é o mais freqüente (44%) e 31% trabalham sem remuneração - geralmente na pequena produção destinada ao autoconsumo. Quase metade das crianças (45%) entre 7 e 14 anos estão fora da escola. 55% dos domicílios não têm água encanada e 98% não dispõem de esgotamento sanitário. Mais de 75% dos pobres na área rural do Nordeste vivem em domicílios sem eletricidade."

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