segunda-feira, outubro 07, 2013

É a banalidade do Mal, no RN

É a banalidade do Mal
Paulo Augusto

Os que compõem a nossa classe política estão pouco se lixando para o futuro 
da nossa gente, tal como o casal sem-futuro Rosalba e Carlos Augusto Rosado, 
com sua breguice na gestão do Estado
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Para o leitor ter uma ideia, é como se nosso estado tivesse decepados alguns dos seus órgãos, comprometendo o seu funcionamento. Muitos não acreditam, mas esse corte, esse destroncamento seria de 70%, e só se trabalha com 30% das potencialidades do estado em prol de sua população, em termos de sua economia, suas finanças, seus recursos naturais e espirituais. E é evidente que as oligarquias não irão privilegiar o povão, a arraia-miúda, a merdalha, na hora de fazer a partilha dos bens que sobraram no caldeirão dos governantes, embora seja a rafaméia que — uma palavra doce como mel — vota.
Nesse sentido, mesmo que a gente — munícipes/contribuintes/eleitores/cidadãos — não beba, mesmo que a gente viva sempre sóbrios e cheios de ideias; mesmo que mantenhamos uma atitude ereta na vida; caminhemos sempre dentro da linha (vendo a hora o trem pegar); mesmo que persigamos ideais transcendentes que orientem nossas ações cotidianas, voltadas para o Bem, para o máximo de harmonia, universalidade, excelência ou perfectibilidade, o que naturalmente implica a negação de paixões e de desejos irrefletidos, nós somos responsáveis pela mutilação deste estado de coisas, e promovemos situações de risco para toda a comunidade, já que permitimos em que os oligarcas produzam um Rio Grande do Norte aleijado, e façam do nosso povo uma população tosca e deformada.
Deformação e risco estes que poderão se virar contra nós, numa eventual situação de assalto, em bancos, em lojas, na escola, em qualquer lugar, pois não temos segurança em parte alguma (veja a Polícia em greve por melhores salários); numa emboscada nas ruas (ruas que estão completamente vazias, escuras, mal-tratadas, já que o povo corre para se refugiar em casa tão logo o comércio baixa as portas; risco que corremos de ser atacados por nossos irmãozinhos deformados moralmente pelas oligarquias, bastando a gente ir na esquina buscar o pão e o leite (pois muitos de nós ainda não caíram para o regime de pão e água) na padaria.
Tudo isso acontece como resultado de uma visão estrábica da parte das elites que comandam este triste espetáculo, pois é como se a classe política e empresarial (que vivem em comunhão de bens — bens públicos, bem entendido), ao olhar para o nosso povo, enquanto massa governada, visse apenas a borra, a cachorrada, a canalha, a choldra, a parvoíce, a basbaquice. Um povo incapaz de entender os rudimentos da República, como “forma de governo em que o Estado se constitui de modo a atender o interesse geral dos cidadãos”. Na verdade, o que se constata é que nosso povo se encontra, infelizmente, à merce de um Estado-carrasco, absolutamente corrupto, praticamente sem volta, e vivemos como no tempo da Casa Grande e Senzala.
Com efeito, não devemos demonizar apenas a administração zarolha do Casal Rosado (Rosalba e Carlos Augusto Rosado), com sua breguice na gestão do Estado, que termina sendo uma coisa torta, uma administração sem planejamento, sem jeito, malfeita, desajeitada, mas devemos temer o futuro, o além, aquilo que vem depois desse par de patacoada.
Pois, se depender das avaliações, dos prognósticos e das formatações que têm sido apresentadas, com o indicativo de nomes políticos como possíveis candidatos ao governo do Estado, até o momento, e tendo em vista a farra da troca-troca de partidos, as arrumações nos levam a crer que teremos continuidade do mesmo. E, assim sendo, triste de nosso futuro. Continuaremos com nossos canhestros governos de poucas pessoas, submetidos, num processo de servidão voluntária, aos mesmos pequenos grupos de pessoas de uma família, por sua vez aliados de grupos econômicos cafonas, já batidos, sob as bênçãos de partidos sobejamente conhecidos como congregações de predadores. Enfim, uma união de sujeitos de má-fama, pela vadiagem incrustrada no seu DNA, a defender, enquanto grupo, os interesses políticos e econômicos de seus “representantes” (aí, sim, a palavra certa, no lugar certo) assentados no poder que deveria ser público, e que prevalecem sobre os da maioria.

A perversidade com que são tratados os jovens pobres e favelados já era para ser, 
como fato isolado, uma sinalização de que esses grupos oligárquicos
não possuem boas intenções com os nossos eleitores. 
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A malignidade das oligarquias na promoção do genocídio dos jovens
Um fato que por si só torna-se extremamente eloquente, no sentido de denunciar publicamente a malignidade desses grupos que privatizaram o poder no Rio Grande do Norte, é o verdadeiro genocídio de nossa juventude pobre, instalada nas periferias. A perversidade com que são tratados os jovens pobres e favelados já era para ser, como fato isolado, uma sinalização de que esses grupos não possuem boas intenções com os nossos eleitores.
Trata-se apenas de um dado — não precisamos nem falar da falta de diligência em outros setores, da ausência de políticas públicas voltadas para a moradia do pobre, a educação, a saúde, o transporte, a cultura, o entretenimento, a segurança, as virações para se sobreviver em meio à selva vigente.
Natal (RN), considerado um novo polo de violência, é a capital, em todo o Brasil, que registrou o maior crescimento de homicídios de pessoas entre 15 e 24 anos – 267,3%.
A informação vem registrada no Mapa da Violência 2013: Homicídio e Juventude no Brasil, publicado no dia 18 de julho deste ano, pelo Centro de Estudos Latino-Americanos (Cebela), com dados do Subsistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde.
De acordo com o mapa, entre 1980 e 2011, as mortes não naturais e violentas de jovens – como acidentes, homicídio ou suicídio – cresceram 207,9%. “Se forem considerados só os homicídios, o aumento chega a 326,1%. Dos cerca de 34,5 milhões de pessoas entre 14 e 25 anos, em 2011, 73,2% morreram de forma violenta. Na década de 1980, o percentual era 52,9%.”
“Hoje, com grande pesar, vemos que os motivos ainda existem e subsistem, apesar de reconhecer os avanços realizados em diversas áreas. Contudo, são avanços ainda insuficientes diante da magnitude do problema”, conclui o estudo.
Segundo o mapa, o aumento da violência entre pessoas dessa faixa etária demonstra a omissão da sociedade e do Poder Público em relação aos jovens, especialmente os que moram nos chamados polos de concentração de mortes, no interior de estados mais desenvolvidos; em zonas periféricas, de fronteira e de turismo predatório; em áreas com domínio territorial de quadrilhas, milícias ou de tráfico de drogas; e no arco do desmatamento na Amazônia que envolve os estados do Acre, Amazonas, de Rondônia, Mato Grosso, do Pará, Tocantins e Maranhão.
De acordo com o estudo, a partir “do esquecimento e da omissão passa-se, de forma fácil, à condenação” o que representa “só um pequeno passo para a repressão e punição”.
O homicídio é a principal causa de mortes não naturais e violentas entre os jovens. A cada 100 mil jovens, 53,4 foram assassinados em 2011. Os crimes foram praticados contra pessoas entre 14 e 25 anos. Os acidentes com algum tipo de meio de transporte, como carros ou motos, foram responsáveis por 27,7 mortes no mesmo ano.
Se o estudo for aprofundado no Estado, como diz o mapa, o Rio Grande do Norte teve um aumento de 229,7% nesse tipo de crime, quando comparadas as estatísticas de 1.042 homicídios em 2011, enquanto 316 mortes foram computadas em 2001.
Em termos de crescimento, o ranking negativo coloca o Estado potiguar entre os 3 mais violentos em assassinatos, atrás de Bahia, líder, e Paraíba, em segundo. A região com os piores índices é a Centro-Oeste, com 69,8% das pessoas nessa faixa etária mortas por homicídio.
O autor do mapa, Julio Jacobo Waiselfisz, explicou à Agência Brasil que a transição da década de 1980 para a de 1990 causou mudanças no modelo de crescimento nacional, com uma descentralização econômica que não foi acompanhada pelo aparato estatal, especialmente o de segurança pública. O deslocamento dos interesses econômicos das grandes cidades para outros centros gerou a interiorização e a periferização da violência, áreas não preparadas para lidar com os problemas.
“O malandro não é otário, não vai atacar um banco bem protegido, no centro da cidade. Ele vai aonde a segurança está atrasada e deficiente, gerando um novo desenho da violência. Não foi uma migração meramente física, mas de estruturas”, destacou Waiselfisz.

O gestor municipal, para assegurar o direito à saúde 
de seus munícipes, deve assumir a responsabilidade pelos resultados
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“Somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o que somos.” (Eduardo Galeano).
Os que compõem a nossa classe política estão pouco se lixando para o futuro — já que não diz respeito a seus parentes, mas a jovens anônimos da periferia. Gente que só vai lhes interessar nas proximidades das eleições de 2014, quando eles descerem de seus carros blindados, devidamente recepcionados pelos cupinchas, cabos eleitorais (caça-votos), as ruas enlameadas e malcheirosas, os becos infectos e as praças de guerra das favelas, em especial no dia das eleições.
Os que foram cooptados ou os que vêem na política um meio de enriquecer com facilidade podem nos provar essa teoria do desamparo que é oferecido à patuléia. Quando vemos os gestores da coisa pública — prefeitos e governadores — como verdadeiros verdugos da população. Apenas um exemplo pode ser apresentado, dos mais singelos e pueris, e no entanto de uma importância capital na vida da família. Trata-se do descaso do chamado Poder Público pela área da saúde. Pelas diretrizes estabelecidas no Sistema Único de Saúde (SUS), os municípios são responsáveis pelo atendimento primário; o primeiro contato com o paciente do SUS.
De acordo com as diretivas do SUS, há uma responsabilização macrossanitária:
“O gestor municipal, para assegurar o direito à saúde de seus munícipes, deve assumir a responsabilidade pelos resultados, buscando reduzir os riscos, a mortalidade e as doenças evitáveis, a exemplo da mortalidade materna e infantil, da hanseníase e da tuberculose. Para isso, tem de se responsabilizar pela oferta de ações e serviços que promovam e protejam a saúde das pessoas, previnam as doenças e os agravos e recuperem os doentes. A atenção básica à saúde, por reunir esses três componentes, coloca-se como responsabilidade primeira e intransferível a todos os gestores. O cumprimento dessas responsabilidades exige que assumam as atribuições de gestão, incluindo:
• execução dos serviços públicos de responsabilidade municipal;
• destinação de recursos do orçamento municipal e utilização do conjunto de recursos da saúde, com base em prioridades definidas no Plano Municipal de Saúde;
• planejamento, organização, coordenação, controle e avaliação das ações e dos serviços de saúde sob gestão municipal; e
• participação no processo de integração ao SUS, em âmbito regional e estadual, para assegurar a seus cidadãos o acesso a serviços de maior complexidade, não disponíveis no município.”
Por seu turno, espera-se que o munícipe também intervenha. Como se dá a participação social na saúde?
“É uma das maneiras de se efetivar a democracia, por meio da inclusão de novos sujeitos sociais nos processos de gestão do SUS, como participantes ativos em debates, formulações e fiscalização das políticas desenvolvidas pela saúde pública brasileira, o que lhes confere legitimidade e transparência. O SUS deve identificar o usuário como membro de uma comunidade, com direitos e deveres, e não como recebedor passivo de benefícios do Estado.”
Por falarmos em SUS e saúde, falemos da sua saúde: Você é um bom partido? Uma boa reputação nos persegue. Antes de nós chegarmos, chega a nossa reputação. Deixe de ser frasqueiro, gambá, escoalha, escória, gentalha, gentinha. Cuide de sua reputação. Ela é seu patrimônio.
Paulo Augusto Queiroz da Silva >> Natal/RN, 29 de Setembro de 2013 >> jesuino21@yahoo.com.br

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