sábado, março 03, 2007

Sentimentos em derrapagem

Custa a crer que seja levada em conta de uma vitória, em pleno decorrer do século 21, a chegada, com alvíssaras, da Lei Maria da Penha (lei 11.340), de 7 de agosto de 2006, que passou a tratar com rigor a violência no lar, banalizada pela Lei 9099, de 1995, e que tratava o assunto da mesma forma como uma briga de gangue ou um acidente no trânsito.
Com o novo diploma, o agressor pode parar na cadeia em 48 horas, caso seja denunciado e a delegada entender que a medida é cabível. Pela nova legislação, o agressor não pode pagar a pena apenas com cestas básicas, passando a sofrer, também, medidas restritivas, através da prestação de serviços ou a suspensão do porte de armas, por exemplo. A Lei Maria da Penha homenageia uma mulher vítima de violência e que ficou paraplégica depois de sofrer tentativas de homicídio, certa vez por eletrocussão e outra por afogamento. Penha levou 11 anos para ver o marido punido e condenado a apenas dois anos de prisão.
Noutro aspecto, em especial no Nordeste, verificam-se situações constrangedoras, por absoluta falta de oferta de oportunidades, a partir da negação da educação, dificultando a inserção da mulher no mundo do trabalho, para citar apenas um dilema.
Se é possível verificar que as grandes cidades do Terceiro Mundo não estão mais crescendo empurradas pela demanda por mão-de-obra, mas se dilatando pela reprodução da miséria, sem uma resposta adequada do poder público, em nosso mundinho, isto se complica quando interagimos no nosso meio, onde as "não-pessoas", tradução da expressão inglesa "non-person" - ou seja, no caso brasileiro, os excluídos da benesses sociais - pululam, cada vez em maior número, à nossa volta. (Foto: http://organic.typepad.com/photos/uncategorized/louis.jpg)

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