sábado, abril 30, 2011

O mistério do Poder

Político e gente interesseira
João Ubaldo Ribeiro




O poder também é como aqueles desodorantes que, quando o sujeito o aplica nos sovacos, é sexualmente violentado por uma mulher estonteante e ensandecida, dentro de um elevador. Não deve ter nada a ver com a possibilidade de nomeação para cargos de confiança ou a concessão das muitas vantagens disponíveis no vasto arsenal montado por séculos de jeitinhos, capazes mesmo de fazer com que os adicionais acabem valendo mais do que o principal. Talvez seja até porque os marqueteiros eleitorais escolham os desodorantes certos para os candidatos que assessoram. Ou talvez porque o poder seja mesmo afrodisíaco, como informou certa feita Henry Kissinger, transformando os que o detêm em casanovas irresistíveis. (Aliás esse fenômeno também é comum nos Estados Unidos, estando aí as figuras de Franklin Roosevelt, John Kennedy ou Bill Clinton, que não me deixam mentir - e até o austero general Eisenhower, cochicham línguas más, tinha lá o seu cachinho.) Não sei, não estudo o assunto, só especulo ociosamente, mas é difícil achar político que não possa ser rotulado de espada invejável - no bom ou no mau sentido, como queiram.
Ilustração, Fonte: Aqui.

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