domingo, julho 09, 2006

Parte 05

RADAR POTIGUAR - E por que Welles, Bergman, Godard, e nenhum cineasta brasileiro?
LRF - O filme abre com José Celso Martinez Correa, passa pelo meu "As$untina das Amérikas" e morre na genialidade do "Rei da Vela". É uma homenagem não às clausuras do mercado, mas ao cinema mais l-i-v-r-e que já se fez no país. E num tempo em que até pensar era proibido. Gostaria de ter usado uma imagem de Glauber mas, tirando sua mãe e sua filha Paloma - todos os demais são um pouco complicados. E quando se filma sem dinheiro algum não se pode perder tempo com papelotes e papeladas. E se tivesse mais tempo, gostaria de usar uma imagem de Joaquim Pedro, do Luchino Visconti, do Humberto Mauro...
RP - Você acha que um despedaçamento sistemático e teórico do mercado potencializaria a experimentação?
LRF - Ousaria dizer que o espaço cinematográfico aqui é ocupado pelo desencanto, pela solidão, pela esterilidade do mercado, pela fantasmagoria permanente do medo, pela feiúra da burocracia, pela analidade do dinheiro, pela espiritualidade do horror, pela clausura policial das multinacionais, pelo envenenamento televisivo, por monstros corruptos sem talento algum... O que potencializa a experimentação é a vida, o sexo, o saber, o prazer... E não o horror. O nosso referencial é o sonho, o amor, o respeito, o afeto, a liberdade... E viver poeticamente é querer um tempo melhor para todos.

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