O povo daqui é uma delícia. É uma oportunidade de ouro que estou oferecendo. Natal respira política, como BSB. É pequena, mas tem tudo. Sua área territorial está à frente apenas de Aracaju e Vitória. Tem pobreza, mas não é aviltante. Nos 5.580 municípios brasileiros em 2003, diz o IBGE, a miséria ainda era uma realidade corriqueira nos municípios do Nordeste, mas não atingia Natal a ponto de dar medo. Das 100 cidades com rendas per capita mais baixas, 73 eram do Maranhão, 10 do Piauí, seis da Bahia e cinco de Alagoas. Natal ocupava a 17a posição entre as capitais, como a 4a capital nordestina, com uma renda per capita de R$ 6.340. Repito, é uma cidade adorável. Câmara Cascudo a chamava "Noiva do Sol". Chamo de Rodolpólis, a cidade de Rodolfinho, meu amado advogado. Com quem estou morando e pretendo casar. Se sair o emprego que o pai dele vai arranjar na justiça. Você sabe que as mulheres são a maioria dos desempregados no país? Li nas folhas, com grife do IBGE, que as seis regiões metropolitanas acusavam 56,1% de mulheres no total da população desempregada. Não tenho medo disso. Temos nosso métier. Mas Rodolfinho só conseguiu me tirar do Plano Piloto com essa promessa: me botar na folha de pagamento do Estado. Não vou trabalhar. Vou tocando minha butique e levando a vida que pedi a Deus. Você precisa arranjar um tempinho na agenda do senador e vir aqui. Vê se te orienta, Lana. Fala que vem a negócio. Garanto casa, comida e roupa lavada. E um boyzinho ou um coroa a tempo e a hora, gatinha. Sabes que te amo.
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