Eu não queria estar aqui com esta arma na mão, apontada para o quengo de quem não conheço, no alto Ducal, vendo a hora tirar a vida desse empresário. O meu destino era ser star. Mas coisa de pobre é desse jeito: ou nasce torto ou nasce cagado. Azar no nascedouro, trombadas na vida, mastigar o desemprego, uma temporada de cão no inferno. Vou-te-contar! Salve, Panatis!
Eu não devia estar aqui com este ferro. Meu caminho era surfar na Califórnia. Mas houve a baldeação naquela parada. A troca da mala. A farsa da polícia, a droga repentina. A transformação de tudo. Villa-Lobos queria levar a música para todos. O maestro não entregava os pontos. "Minha música é natural, como uma cachoeira". Fala, Guarapes!
Eu não precisava estar aqui com este cano. Meu lugar era no coral, com os alunos do concerto no estádio de São Januário, 40 mil vozes, e a presença de Getúlio Vargas. Embarcar nas Bachianas Brasileiras, a bordo da tocata O Trenzinho do Caipira: ‘Lá vai o trem com o menino / Lá vai a vida a rodar / Lá vai ciranda e destino / Cidade e noite a girar’. Fazer com os caras da favela um samba-enredo sinfônico rasga-coração, num coral indígena de cantigas de roda, ao som da bateria marcada por ganzá, tamborim, reco-reco, cuíca, gaita, flauta, clarineta, oboé e fagote. E os gritos de gozo da minha nega. Olá, Cidade Nova! (Ilustração)
Eu não devia estar aqui com este ferro. Meu caminho era surfar na Califórnia. Mas houve a baldeação naquela parada. A troca da mala. A farsa da polícia, a droga repentina. A transformação de tudo. Villa-Lobos queria levar a música para todos. O maestro não entregava os pontos. "Minha música é natural, como uma cachoeira". Fala, Guarapes!
Eu não precisava estar aqui com este cano. Meu lugar era no coral, com os alunos do concerto no estádio de São Januário, 40 mil vozes, e a presença de Getúlio Vargas. Embarcar nas Bachianas Brasileiras, a bordo da tocata O Trenzinho do Caipira: ‘Lá vai o trem com o menino / Lá vai a vida a rodar / Lá vai ciranda e destino / Cidade e noite a girar’. Fazer com os caras da favela um samba-enredo sinfônico rasga-coração, num coral indígena de cantigas de roda, ao som da bateria marcada por ganzá, tamborim, reco-reco, cuíca, gaita, flauta, clarineta, oboé e fagote. E os gritos de gozo da minha nega. Olá, Cidade Nova! (Ilustração)
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