domingo, novembro 12, 2006

Se liga que é uma fria!

Itaércio Porpino - Repórter
Tribuna do Norte, 12 de novembro de 2006

"Marco Bala, Boy Magno, Ratinho, Boy Léo. Galera cavernosa. Eram "os cara", os reis do pedaço, os bambambam. Quebrando na porrada e furando de faca "os neguinho" das gangues inimigas, ficaram falados, famosos, temidos. Hoje, "tão" tudo morto, tá ligado? Morreram cedo, uns pelas mãos da polícia, outros nas mãos dos inimigos, que também tiveram vida curta, se acabando ali pelo final da década de 90, na periferia de Natal. A maioria com pouco mais de 20 anos de idade.
Na guerra das gangues e do crime no subúrbio é desse jeito. Não tem vencedor. Nenhuma glória. Dor, apenas. Alcemir Varela da Silva, o instrutor de capoeira "Ralo Pinto", de 37 anos, sabe bem disso. Nos anos 80 e 90, ele foi uma máquina de briga, um dos nomes mais temidos da cidade, junto com os finados Marco Bala, Boy Magno, Ratinho, Boy Léo e outros caras considerados perigosos na época. Hoje, é uma das vozes contra a violência que vitima jovens.
É uma outra luta, do lado contrário, difícil também. As estatísticas revelam que um número grande de pessoas até 25 anos vem morrendo nas cidades brasileiras. Do início deste ano até aqui, 89 pessoas até essa faixa etária foram mortas na Grande Natal.
As reportagens publicadas nos jornais locais, de onde os números foram tirados, mostram que as mortes continuam ligadas à briga de comunidades rivais e ao tráfico de drogas e outros crimes, misturados, hoje, à guerra de gangues de torcidas organizadas de futebol. Uma geração está sendo perdida em acertos de contas, vinganças e brigas banais. Entre outubro e este mês, num espaço curto de dias, nove jovens foram assassinados, e não só da periferia.
Os crimes recentes foram o de Christian Robert Araújo de Lima, 17, executado no dia 29 de outubro com um tiro na nuca, no conjunto Parque dos Coqueiros; o de Ednaldo Almeida da Silva, 16, assassinado com um tiro pelas costas, na madrugada do dia seguinte, em Macaíba; os de Cleidson da Silva, 22, e Alexandre Carlos da Silva, 20, executados no dia 2, um no Alecrim e o outro nas Quintas; o de Henildo Macedo Dantas, de 25, morto no dia 5, com dois tiros na cabeça em frente à Shock Casa Show e o de Raiany Priscila, 15, morta com 4 tiros no último dia 8, na Praia do Meio.
Os crimes obedecem um padrão parecido. Os matadores se aproximam das vítimas, atiram, na maioria das vezes na cabeça, e fogem. Entre todos os casos, têm chamado atenção aqueles ligados a gangues de times de futebol. Há fortes evidências e até informações de que quatro desses últimos jovens foram mortos devido à rixa entre a Máfia Vermelha (América) e a Gang Alvinegra (ABC), times rivais no RN. Christian Robert Araújo de Lima, Cleidson da Silva Félix e Alexandre Carlos da Silva eram integrantes da primeira facção; e Henildo M. Dantas, apelidado de "Planta" pelos amigos, era do ABC." (Tribuna do Norte, Natal, Domingo, 12 de Novembro de 2006, Leia Mais, aqui.)

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