Pedro Bala: Aninha tinha cinco irmãos. Ia visitar um deles, que se encontra na prisão, na delegacia de Mãe Luíza. Ela e dona Virgínia conseguiram uma carona na carroceria de uma pick-up Pampa, acompanhando uma vizinha, mulher de outro jovem detento. Para alcançar Mãe Luíza, o motorista tinha duas opções: seguir pela avenida Café Filho, à beira-mar, pela praia dos Artistas, ou cruzar a extensão da rua do Motor.
Pirulito: Como estamos a ver, trata-se de uma rua estreita, de mão única, e aqui vivem os inimigos de Aninha, que estava marcada para morrer. Foi para cá que o motorista guiou o carro, que quebrou na frente da casa de um dos rapazes autor das ameaças de morte.
Dorinha: Dona Virgínia viu a filha ser assassinada. Os matadores cercaram a garota no meio da rua, dispararam várias vezes quando ela já estava no chão e depois chutaram seu corpo. A mãe já sabia que Aninha iria morrer. Dias antes a menina dissera que sua cabeça estava a prêmio e seus matadores seriam de uma gangue da rua do Motor.
Lindaura: Antes de Aninha, a vítima fora seu ex-namorado, de 16 anos, assassinado na porta de casa. Ambos moravam em Brasília Teimosa. Aninha teve execução sumária.
Dona Virgínia: Ela chegou e me disse: ‘mãe, minha cabeça tá valendo dois mil reais’. Quando os matadores começaram a chegar perto, ela me mandou fugir: ‘mãinha, ganha o pinote’’. Minha filha ainda tentou fazer o automóvel funcionar, para sair do lugar onde tinha parado, mas o motorista a arrancou da cabine aos gritos: ‘Saia daqui, vá morrer pra lá’. Fica a certeza que o motorista era aliado dos matadores. Quando eles começaram a atirar, de repente o carro pegou e eu fui embora em cima da carroceria. De longe, vi minha filha caída no chão, chutada pela gangue que a executou.
Dorinha: Aninha procurava seu primeiro emprego. Não queria se perder na piranhagem do turismo em Ponta Negra. Vibrava por ser mulher. Avaliara o mercado sexual e não era prostituição o que queria. Era mulher de um homem só. Dizia que podia ser, sim, copeira, arrumadeira, camareira nos hotéis da Via Costeira. Ganharia seu salário, líquido e certo e ajudaria o marido em sua casa no Alto do Juruá, em Mãe Luíza. Podia ser, sim, baleira no Cinemark, balconista da loja Controle, frentista de posto na rede Tamarineira.
domingo, novembro 19, 2006
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário