segunda-feira, julho 10, 2006

Conexão Xanana: nepotismo

Parte 04

Havia uma brecha, dizia Rodolfinho, de que um juiz pudesse contratar o parente de outro juiz e vice-versa e assim nos mantermos na folha do Estado, mas a decisão do CNJ proíbe. Um deputado daqui ainda esbravejou, dizendo que um corte abrupto contra a nomeação de parentes geraria um caos administrativo, principalmente no interior do Estado. Justificou: "No interior geralmente as lideranças políticas detêm melhor poder aquisitivo e investem em educação e qualificação profissional de parentes ou amigos e para o desempenho de determinadas funções públicas geralmente a opção que resta é o emprego dessas pessoas mais qualificadas". Mas não teve jeito. Estamos na expectativa.
Na Bahia também tá assim. Nenhum desembargador do Tribunal de Justiça baiano respondeu à portaria editada pelo presidente da Corte, Gilberto Caribé, solicitando que todos os magistrados e servidores em cargo de direção apresentem a relação de parentes, até o terceiro grau, em serviço na Corte e demais órgãos do Judiciário. Eles fizeram ouvido mouco à Resolução nº 7 (antinepotismo) do Conselho Nacional de Justiça. Esse tipo de prazo não conta para magistrado baiano.
Lembra do juiz que matou um cara em Fortaleza? No supermercado? A gente se sente assim. Ficamos uma pilha de nervos no trânsito. Queremos passar por cima. É tudo a tempo e a hora. Você precisa ver como eles sentem medo da gente. Ser da justiça é ser um pouco Deus por esses cafundós. Confesso que às vezes me dá vontade de abater uns franguinhos que vejo na praia e carregar pra minha bed-panela.
Cálculos apontam que o orçamento dos desembargadores deveria perder até R$ 45 mil por mês, mas Deus quando fecha uma porta, abre uma janela. Outra lei sancionada pela governadora Wilma de Faria e concede aos magistrados reajuste salarial, que atinge até 47%, também para juízes substitutos em início de carreira. A lei contempla procuradores, promotores e auditores do Ministério Público, além de conselheiros do Tribunal de Contas. É tudo dinheiro sonante, maninha. Veja se entende a tragédia. A medida traria tristeza e desolação para a casa de 350 pessoas que ocupam cargos na estrutura do Poder Judiciário, de um total de 1.970, entre elas a princesa aqui. É tal o absurdo que gabinetes no TJ ficarão completamente vazios. Afinal são pessoas de carne e osso – filhos, genros, noras, sobrinhos, mulheres, maridos e netos – que constituíram seus lares, ergueram patrimônios e hoje desfrutam de uma estabilidade social graças a esses cargos.

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