sábado, setembro 02, 2006
A mídia e o povo
Fanático pelos filmes de Rambo e Van Damme, o ex-soldado Genildo, vestido a caráter, com uma jaqueta militar de camuflagem, botas de cano longo e boné, com cartucheira e facão dependurados no peito, pistola e revólver com silenciador na mochila, onde botara munição para quase 300 tiros, chegou a matar 15 pessoas, entre a quarta e a quinta-feira, dias 21 e 22 de maio de 1997.
Casado há sete anos e vivendo um relacionamento turbulento com a segunda mulher, a quem agredia constantemente, Genildo acreditava estar dando cabo, ao abater parentes, amigos e conhecidos, ao principal pretexto para cometer as mortes: a acusação de homossexualismo.
Era a primeira vez que o povo do Rio Grande do Norte tomava a dianteira dos políticos potiguares nas manchetes de todo o Brasil, ocupando o lugar que, vez por outra, um parlamentar ou governador corrupto ganha devido a escândalos de improbidade estampados na mídia nacional. A população espoliada que apareceu para todo o Brasil continua a mesma, em condições idênticas, em estado de carência absoluta de meios de subsistência, levando a vida em verdadeira indigência.
No caso de Santo Antônio, vive aparentemente como um pacífico distrito de cinco mil habitantes. Naquela ocasião, veio a público que sua rotina era quebrada por crimes hediondos. Em janeiro daquele ano, um homem fora preso depois de matar três pessoas sendo que, três meses atrás, uma mãe havia assassinado seu bebê recém-nascido depois de uma crise de depressão. O crescimento da violência, no entanto, não sensibilizou, desde então, as autoridades estaduais a aumentar o efetivo policial no lugar e em todo o interior.
A grande violência, agora, é permanente e, quando não está nas delegacias e presídios superlotados, se mantém alojada, por enquanto, nas periferias, de onde se manifesta a cada dia, tendo o horror se tornado banal, na cena de dezenas de jovens favelados da capital e das maiores cidades sendo exterminados nos rituais macabros do tráfico, religiosamente, quase de forma burocrática, reproduzidos nas edições da mídia. Foto.
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