A verdade é que a grande imprensa do Rio Grande do Norte se encontra comprometida, de uma forma ou de outra, com o jogo político institucionalizado, participando do “bate-bola” com aqueles que o povo chama de “cachorros grandes”, e que os leitores/ eleitores/ contribuintes/ cidadãos somos obrigados a suportar e até alimentar, de forma aparentemente impotente, entra eleição, sai eleição, entra-ano-sai-ano, num processo no qual o único prejudicado se chama, efetivamente, o povo. Mas, uma coisa é certa, nesse campo de trabalho não existe mais lugar para ingênuos. Natal e o Rio Grande do Norte não são para principiantes, e quem milita na área sabe.
Para alumiar a cena em que trabalhamos e vivemos na terra potiguar, ouçamos mais uma vez José Ingenieros, de quem se recomenda a leitura de toda a obra, mas especialmente de “O Homem Medíocre”, onde ele pondera:
“Quando as nações dão em baixios, uma facção se apodera da engrenagem constituída ou reformada por homens geniais. Florescem legisladores, pululam arquivistas, os funcionários são contados por legiões, as leis se multiplicam, sem com isso ter sua eficácia reforçada. As ciências convertem-se em mecanismos oficiais, em institutos e academias, em que jamais brota a genialidade e o próprio talento é impedido de brilhar. Sua presença humilha pela força do contraste. As artes tornam-se indústrias patrocinadas pelo Estado, reacionário em seus gostos e avesso a toda previsão de novos ritmos ou de novas formas. A imaginação dos artistas e poetas parece aguçar-se em descobrir as brechas do orçamento e se infiltrar por elas. Em tais épocas, os astros não surgem. Folgam; a sociedade não necessita deles, basta-lhes sua coorte de funcionários. O nível dos governantes cai até chegar a azero. A mediocracia é uma conspiração dos zeros contra as unidades. Cem políticos torpes juntos não valem um estadista genial. Some dez zeros, cem, mil, todos os zeros da Matemática e não terá quantidade alguma, nem sequer negativa. Os políticos sem ideal marcam o zero absoluto no termômetro da História, conservando-se limpos de infâmia e de virtude, eqüidistantes de Nero e de Marco Aurélio.” E ainda:
“Nesses parênteses de embrutecimento aventuram-se as mediocracias por caminhos ignóbeis. A obsessão de acumular tesouros materiais, ou o torpe afã de usufruí-los na ociosidade, elimina do espírito todo rastro de sonho. Os Países deixam de ser Pátria, qualquer ideal parece suspeito. Os filósofos, os sábios e os artistas estão sobrando.O peso da atmosfera estorva suas asas e eles deixam de voar. Sua presença mortifica os traficantes, todos os que trabalham por lucro, os escravos da economia ou da avareza. As coisas do espírito são desprezadas. Não lhes sendo propício o clima, seus cultores são muito poucos, não chegam a inquietar as mediocracias, estão proscritos dentro do país, que mata a fogo lento seus ideais, sem precisar desterrá-los. Cada homem fica preso entre mil sombras que o cercam e o paralisam.”
sábado, setembro 02, 2006
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