Caras da cidade...
A rua João Pessoa, habitualmente casta, começou a receber um rio de caras novas, aventureiros visivelmente calouros, novos no gesto e na fala, curiosos e bisbilhoteiros, mostrando-se, em pouco tempo, repleta de uma turba agitada – da qual se sobressaíam esmoleres, gigolôs, michês, bebuns em profusão, que começavam a apinhar-se no aguardo, certamente, de uma “boca livre”. Aos curiosos iniciais, passaram a se somar os transeuntes que, de certo, acorriam ao comércio, todos agora ardendo em curiosidade. Ali pelas 9 horas, havia uma quantidade de pessoas presas de uma onda febricitante, como se abrasadas em febre, tomadas de uma alegria esfuziante e incontida, levando a crer que estivessem possuídas dos efeitos alucinógenos de uma nova droga. Era total a novidade do evento, que se dava no sábado 1º de novembro, Dia de Todos os Santos.
Principalmente, correra em surdina que ali haveria um lanche do Fome Zero, seja lá isso o que representasse em termos de “boca livre”. Alguns gaiatos fizeram circular uma versão lulista da novidade: “É o Brasil que come ajudando o Brasil que tem fome.” Contam-se no Rio Grande do Norte, neste 2003, conforme o IBGE, nada menos que 925.200 pessoas sem qualquer rendimento, numa população de 2,7 milhões, chegando perto de 700 mil as que vivem com até um salário mínimo. Calculam-se, portanto, em 1,2 milhão, quase a metade, os que vivem abaixo da linha da pobreza. Os que ganham mais de 20 salários mínimos chegam a apenas 14.206 pessoas. Foto.
sábado, agosto 05, 2006
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