Genival Rabelo: brasileiro consciente das
contradições e das
prerrogativas nacionais
Paulo Augusto
O jornalista e escritor
natalense Genival Rabelo, falecido aos 77 anos, em janeiro de 1998, foi um homem teimoso.
Incomodado desde cedo com a situação do Brasil como país submisso aos
interesses dos países hegemônicos, não arredou o pé um milímetro acerca do que se
determinou fazer, nas páginas dos jornais, desde que decidiu estabelecer como
sua tarefa particular, a defesa do nacionalismo e da soberania nacional.
Genival, sobrinho do
poeta e trovador potiguar Luiz Rabelo e primo do artista plástico e escritor
Dorian Gray, era radicado no Rio de Janeiro, tendo regressado ao Rio Grande do
Norte eventualmente, para visitas sentimentais ou para missões especiais a que se
dedicava. Como a que encetou em novembro de 1997, quando lançou em Natal seu 18o livro, Denúncias, Episódios &
Personagens - Coletânea de um Repórter (Edição do Autor), onde reúne
trechos substanciais de suas principais obras.
Formado em Direito no
Rio de Janeiro (1944), fez jornalismo desde 1939. Dono de uma cultura
invejável, fruto de sua privilegiada inteligência e curiosidade, Genival
descartava o circunstancial e o provisório dominantes em nossa imprensa diária,
mergulhando fundo em cada artigo que escrevia, remetido a dezenas de jornais
espalhados pelo País, na defesa do Brasil para os brasileiros. Explicava às
novas gerações por que o Brasil deu no que deu, resultado de suas
“oportunidades perdidas”, aliás título de um dos seus livros.
Marca que acompanha os
seus 18 livros, em todos ele demonstrou o denodado esforço para a defesa da
riqueza nacional, mesmo vivendo a angústia de vê-la ser transferida, com as
seguidas privatizações, para as mãos do sistema econômico internacional. Sua
luta, antes de lhe arrefecer os ânimos, mais lhe apetecia e inspirava.
Por volta de 98, tendo
escrito quase duas dezenas de artigos intitulados “Vamos conversar,
Presidente?”, reuniu-os em livro (Edição do Autor), e ali mostra seu pensamento
acerca do Plano Real e da administração do sociólogo Fernando Henrique Cardoso.
Com a obra, ele convida o presidente para um debate franco e elucidativo, que
marca sua posição como brasileiro consciente das contradições e das
prerrogativas nacionais.
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