quinta-feira, julho 05, 2007

Brasil globalizado

Brasil globalizado: país destina cerca de meio bilhão por ano a ajuda internacional
"Estratégia política
A assessoria de imprensa do MRE afirma que a cooperação internacional, à qual se refere o Orçamento Geral da União, é diferente da utilizada pelo órgão. Segundo a assessoria, cooperação internacional consiste apenas em ações de cunho social desenvolvidas em outros países, enquanto que a rubrica classificada no sistema com este título inclui as contribuições a organismos internacionais e missões militares. No que diz respeito ao MRE, a maior parte do repasse classificado como "cooperação" refere-se às "contribuições a organismos internacionais", ou seja, repasses feitos à ONU, OMS, OIT, dentre várias outras entidades.
A assessoria informou que tais aplicações são prerrogativas de acordos feitos entre países. "Essa estratégia é fundamental para assegurar a presença brasileira no cenário internacional, garantindo que a voz do Brasil seja ouvida e que o país possa influenciar a agenda mundial de maneira a defender seus interesses", explicou o órgão.
Já as ações de cooperação internacional, no sentido estritamente social, também visam defender os direitos da nação e ampliam a presença brasileira no mundo com a marca de postura solidária. Nesse caso, os recursos servem para financiar projetos de auxílio a países que estão passando dificuldades. Segundo o Itamaraty, a maior parte das atividades financiadas são coordenadas por entidades brasileiras no exterior, que passam por uma rigorosa seleção. Tais projetos, além de contribuirem com o desenvolvimento de outros países, beneficiam indiretamente comunidades brasileiras que vivem nos países socorridos, como, por exemplo, Angola e Líbano.
Quanto às contribuições financeiras a entidades internacionais, o Itamaraty explicou que estas são revertidas em benefícios diretos para o Brasil e que a tendência de colaboração dos países é só aumentar, respeitando os limites da economia de cada nação. Esse tipo de contribuição, segundo o ministério, fortalece a posição brasileira em negociações internacionais, como a rodada de Doha. Serve como ferramenta para pressionar o bloco dos países ricos em defesa do interesse dos mais pobres, como, por exemplo, no tratamento dos subsídios agrícolas. Para finalizar, o MRE explica que grande parte do dinheiro aplicado nas missões militares (também classificadas como cooperação no Siafi) é reembolsada pela ONU.
O vice-diretor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), Alcides Costa Vaz, considera importante a cooperação que o país presta a organismos internacionais e a missões de paz. "Para um país que almeja participar efetivamente da agenda internacional, as quantias gastas são justificadas", afirma. Para ele, os valores pagos, por exemplo, às entidades, são definidos pelas próprias instituições, e não pelo Brasil. "Quando o país participa de fóruns multilaterais, nós assumimos compromissos", diz. Segundo Vaz, essas colaborações são essenciais porque atingem uma parcela importante dos interesses dos brasileiros. "É inevitável que haja uma interação maior entre os países hoje em dia".
Quanto à missão de paz no Haiti, o especialista acredita que os valores gastos lá pelo Brasil são explicados pelo número inédito de militares brasileiros enviados: são mais de mil pelotões. "Nós temos o Comando Militar da missão da ONU. Até pelo tamanho do nosso país, é uma questão de responsabilidade. É importante essa participação. O Brasil tem interesse político na região. Há razões humanas, políticas e econômicas para que a comunidade internacional tome uma atitude", explica. Vaz também considera relevante para a manutenção das Forças Armadas a colaboração do Brasil em missões de paz em outros países. Clique aqui para ver o orçamento destinado à cooperação internacional este ano. (Autor: Leandro Kleber, Do Contas Abertas)

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