domingo, agosto 06, 2006

Espelhos da América

Te lembra alguém?

Roy Cohn (1927-1986) é uma figura repulsiva e fascinante. Tony Kushner, judeu e gay, como Cohn, que morreu, de Aids, em 1986, o transformou no personagem principal da sua peça “Angels in América”. “Kushner viu no personagem um bom catalisador dramático para o que chamou de ‘uma fantasia gay sobre temas nacionais’, a loucura dos anos oitenta, de ganância e culpa, promiscuidade e castigo, revolucionários e reacionários ao mesmo tempo, resumida num patife específico, que também servia para reflexões sobre o judeu e o homossexual na América.” Cohn se tornou um dos mais poderosos advogados de Nova York, famoso tanto pela falta de escrúpulos como pelo sucesso defendendo patifes ricos.
Segundo as palavras de Eric Hobsbawm, Cohn

“Cohn fez carreira jurídica e política num meio onde o dinheiro e o poder passam por cima das regras e das leis – de fato, um meio onde a capacidade de roubar e ficar impune, que cidadãos menos importantes não possuem, é a prova de que se pertence a uma elite.”

Hosbsbawm diz que como advogado, Cohn a nada respeitava: “Pouco me importa qual é a lei, diga-me quem é o juiz.” Era um escroque porque gostava de o ser, assinala Hobsbawm. “Morreu como havia vivido, furando a fila de outras vítimas de Aids. No hospital, recebeu um telegrama do presidente republicano Ronald Reagan (1981-1989): “Nancy e eu temos você em nossos pensamentos e orações”. Ver “Epitáfio para um vilão”, no livro Pessoas Extraordinárias (Paz e Terra, 1999). Foto, senador Joe MacCarthy e Roy Cohn.

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