CARTA ABERTA À POPULAÇÃO – subscrita pelo Comitê Popular COPA 2014 Natal/RN e pela Associação Potiguar dos Atingidos pelas Obras da COPA
Charge Latuff: com a pressa em viabilizar a construção do estádio Arena das Dunas...
O COMITÊ POPULAR COPA 2014 NATAL-RN e a ASSOCIAÇÃO POTIGUAR DOS ATINGIDOS PELAS OBRAS DA COPA vêm, perante toda a sociedade, manifestar a mais profunda preocupação com a forma que o Governo do Estado do Rio Grande do Norte e o Governo Municipal de Natal vêm conduzindo as ações e projetos para a COPA 2014 em Natal/RN.
Concebendo os projetos e as obras relativas ao evento da COPA 2014 em Natal em completa dissociação com as normas de planejamento da cidade (tendo como principal instrumento seu Plano Diretor – Lei Complementar n. 82/2007) e do regime constitucional e legal que as fundamentam (Constituição Federal/88, Constituição Estadual/89, Estatuto da Cidade/2001 e Lei Orgânica Municipal/90)[1], o Estado do RN e o Município de Natal adotaram o regime de exceção como esteio para conduzir as ações de planejamento da cidade. O que se constata é que vários projetos e obras que se encontram em andamento promovem uma verdadeira violação dos direitos mais básicos daqueles que habitam nas cidades, como o direito à participação no processo de planejamento urbano e o direito à continuidade das políticas públicas; direitos esses considerados essenciais para que todos os demais direitos fundamentais (ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, à moradia, ao transporte, ao saneamento, ao lazer e outros) possam ser garantidos na cidade.
Charge Piovan: comprometeu as receitas públicas estaduais e municipais
por mais de duas décadas
A primeira constatação é que, não se verificando qualquer debate público e transparente com a sociedade, quanto ao endividamento público que está sendo realizado pelo Estado do RN e pelo Município de Natal para garantir a realização dos projetos e obras voltadas à COPA 2014 e quanto aos benefícios e isenções tributárias concedidas a seus promotores (FIFA) e colaboradores, já se constata um grave comprometimento das receitas públicas estaduais e municipais, por mais de duas décadas, não havendo qualquer análise e previsão de como isso irá repercutir na prestação dos serviços públicos essenciais (como saúde, educação, moradia, lazer e outros) à população durante esse período. Outra constatação é que, com a pressa em viabilizar a construção do estádio Arena das Dunas e do túnel de drenagem, necessário à instalação desse equipamento, ignorando a obrigação de promover um amplo processo de discussão com a sociedade houve e está ocorrendo um total desrespeito às normas ambientais e urbanísticas em vigor na cidade (com fundamento em normas constitucionais e legais). Tal fato se configura quando a licença ambiental para o estádio foi emitida em curtíssimo período e se aceitou apenas um Relatório Ambiental Simplificado – RAS para instruir o processo de licenciamento ambiental do túnel de drenagem. E mais ainda, quando se tem notícias de que o Governo do Estado está elaborando um projeto que pretende utilizar mais de 30 (trinta) metros do Parque Estadual das Dunas para o alargamento da Av. Engenheiro Roberto Freire, sem qualquer iniciativa de discutir publicamente a necessidade e as implicações ambientais de tal proposta, ignorando que essa área ambiental, além de estar inserida na Zona de Proteção Ambiental (ZPA-2), também se constitui Unidade de Conservação Estadual e se submete à proteção constitucional e legal concedida ao bioma Mata Atlântica.
Charge Latuff: na defesa de nossos direitos, garantidos constitucionalmente...
Charge Amarildo: Há-de se compatibilizar o planejamento da Copa com
o sistema jurídico em vigor no país
[1] Documentos legais onde se encontram regras obrigatórias quanto à participação social, o respeito aos direitos ao meio ambiente, à moradia, ao bem estar da população, à justiça social, a conciliação do turismo com o bem estar social e a justiça social, dentre outras. (http://falariogrande.com.br/2011/12/19/carta-aberta-a-populacao/> Acesso em: 15 mar 2014.)
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